terça-feira, 20 de setembro de 2011

20 de Setembro. Entenda a Revolução Farroupilha

Texto extraído do DIÁRIO GAÚCHO. Autoria: Luiz Domingues  |  luiz.domingues@diariogaucho.com.br



Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha são os nomes pelos quais ficou conhecida a revolução contra o governo imperial na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Os revoltosos criaram a República Rio-Grandense. A revolta estendeu-se de 1835 a 1845.
- As causas
O estopim da Revolução Farroupilha foi o interesse dos grandes estancieiros e dos charqueadores, que formaram uma economia baseada na produção de charque. No início da década de 30, o governo aliou a cobrança de uma taxa extorsiva sobre o charque gaúcho a incentivos para a importação do importado do Prata. Ao mesmo tempo aumentou a taxa de importação do sal, insumo básico para a fabricação do produto.
Os estancieiros reclamavam que a província era tratada como a "estalagem" do império, servia apenas para guarnecer as fronteiras contra a cobiça espanhola.
- A História
O 20 de setembro, assinala o início da revolução com a tomada de Porto Alegre. A invasão começou na noite de 19 de setembro de 1835, quando José Gomes Vasconcelos Jardim e Onofre Pires acamparam com cerca de 200 cavaleiros nas cercanias da cidade. Na mesma noite, travou-se um rápido combate sobre a Ponte da Azenha. Os farrapos botaram a correr um piquete liderado por José Gordilho de Barbuda, o Visconde de Camamu. O presidente da província, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, fugiu de barco para Rio Grande. Na manhã do dia 20, Porto Alegre amanheceu com proclamações dos revolucionários pregadas nas esquinas, nas praças e até na porta do palácio.
Em 9 de setembro de 1836, os farrapos, comandados pelo general Netto, impuseram uma violenta derrota ao Exército Imperial, no Arroio Seival, próximo a Bagé. Empolgados, os chefes farroupilhas no local decidiram pela proclamação da República Rio-Grandense, o que ocorreu no dia 11. Bento Gonçalves foi proclamado presidente. O movimento passava ao nível separatista. Em 1º de outubro do mesmo ano, porém, Bento é derrotado e preso pelos imperiais no combate da Ilha de Fanfa.
Nos dois anos seguintes, os confrontos se alongaram e os farrapos ganharam o apoio de duas novas lideranças revolucionárias: o brasileiro David Canabarro e o italiano Giuseppe Garibaldi. Em julho de 1839, estes exímios combatentes partiram em direção de Santa Catarina, onde conquistaram a cidade de Laguna e proclamaram a chamada República Juliana.
Os principais enfrentamentos da guerra, por ordem cronológica, foram: Seival (10/9/1836), Fanfa (4/10/1836) Rio Pardo (30/4/1837) Laguna (foram na verdade, dois combates, aquele em que os farrapos tomaram a cidade, em 22/7/1839, e a reconquista pelas forças imperiais, em 15/11/1839), Taquari (3/5/1840), São José do Norte (16/6/1840), Ponche Verde (26/5/1843), e Porongos (14/11/1844).
Em 1842, o governo designou o Barão de Caxias para o comando das tropas imperiais. Ele começou a articular as negociações que, finalmente, encerrariam o conflito. Após serem derrotados na batalha dos Porongos, os farrapos começaram as negociações de paz. Em março de 1845, finalmente, o tratado do Ponche Verde garantiu os interesses dos revolucionários gaúchos _ principalmente o aumento da taxa sobre o charque estrangeiro _ e a hegemonia territorial do império, encerrando a longa campanha.
- Linha do tempo
1835 
19/09 - Gomes Jardim e Onofre Pires comandam uma força de 200 rebeldes. Acampados nas cercanias de Porto Alegre, enfrentam os legalistas na Ponte da Azenha.
20/09 - Os revoltosos entram em Porto Alegre. O presidente da Província, Antônio Fernandes Braga, foge para Rio Grande.
21/09 - Bento Gonçalves chega à Capital.
08/10 - Os farroupilhas ocupam Piratini.
1836
15/06 - Depois de várias escaramuças, Porto Alegre é retomada pelos imperiais.
10/09 - Combate do Seival
11/09 - O general Netto proclama a República Rio-grandense.
04/10 - Combate da Ilha do Fanfa. Bento é preso.
06/11 - Instala-se em Piratini, escolhida Capital, o primeiro governo republicano. Apesar de preso, Bento Gonçalves é eleito presidente. O cargo fica interinamente com Gomes Jardim.
1837
07/05 - Forças farrapas comandadas pelo general Netto restabelecem o cerco sobre Porto Alegre, mas não conseguem tomar a Capital.
10/09 - Bento Gonçalves foge da fortaleza onde se encontrava preso, na Bahia, e volta à província.
10/11 - Bento reassume o comando rebelde e se incorpora às tropas que cercam Porto Alegre.
1838
30/04 - Combate de Rio Pardo.
20/05 - O italiano Giuseppe Garibaldi dá início à construção de dois lanchões no estaleiro farrapo, montado às margens do Rio Camaquã.
1839
14/02 - O governo rebelde é transferido para Caçapava, que passa a ser a nova capital da República Riograndense.
06/06 - Começa a travessia dos lanchões Rio Pardo e Seival, da Lagoa dos Patos até Tramandaí. Parte do trajeto é feito por terra, e as embarcações são puxadas por juntas de boi.
29/07 - É proclamada a República Catarinense, em Laguna.
1840
22/03 - A capital da República Riograndense é transferida de Caçapava para Alegrete.
03/05 - Batalha do Taquari. Farrapos e legalistas proclamam-se vitoriosos.
16/07 - Os farrapos são derrotados em São José do Norte.
1841
19/10 - Apesar do cerco de quase quatro anos, Porto Alegre permanece inacessível aos farroupilhas. Por isso, recebe  o título honorífico de "Leal e Valorosa".
28/12 - Assinado tratado de ajuda mútua entre a República Rio-grandense e a República Oriental do Uruguai.
1842
09/11 - O barão de Caxias assume como presidente da Província de São Pedro e comandante das forças legalistas.
1º/12 - Abertura da Assembleia Constituinte da República Rio-grandense, em Alegrete.
1843
11/01 - O barão de Caxias marcha para os campos de batalha.
26/05 - Combate de Ponche Verde.
1844
27/02 - Duelo entre Bento Gonçalves e Onofre Pires, que morre quatro dias depois em consequência dos ferimentos.
14/11 - De surpresa, os farrapos são atacados e derrotados no combate de Porongos.
1845
28/02 - É assinado o acorde de paz entre farroupilhas e imperiais em Ponche Verde. Canabarro, comandante do exército republicano, proclama o fim do conflito.
1º/03 - O barão de Caxias anuncia a pacificação

Nenhum comentário:

Postar um comentário